quarta-feira, 25 de junho de 2008

Os Meninos de Onde Eu Moro

Nunca os vejo falar das estrelas
Talvez, não possam vê-las
Os meninos de onde eu moro
Rezam em coro outros assuntos
Mais terrenos que celestes
Mas tem sonhos tão distantes quanto os astros

Se o fuzil é mais sonoro que a caneta
Quais os rastros que segui pra ser poeta?
E outro alguém, quais seguiu pra ser bandido
Se na flor da nossa idade era tudo parecido?

Será que para cada Ferreira Gullar
Haverão sempre de existir muitos
Fernandos Beira-Mar para servirem de exemplo?
E o literato, viverá sempre longe
Como um monge em seu templo de palavras?
Se os meninos não enxergam as estrelas
Há muito de errado
E qual a causa da falência?

A ciência social ainda é superficial
Para diagnosticar a culpa
E nada me preocupa mais do que os meninos
Mas o que podem os meus poemas
Contra a força-motriz desse trágico moinho?

Estão lá,
Ignorantes da presença das estrelas
Só peço à elas que não deixem de brilhar
Para que, quem sabe
Eles possam encontrar um bom caminho.

Serginho Poeta

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