sexta-feira, 27 de junho de 2008

Largo e Profundo

No instante
Em que o sino da igreja anuncia
A hora da Ave Maria
O Menino outra vez desafia
A Guarda Municipal
Precipita-se por entre o comércio informal
E o mar de gente confusa
Desce a alameda em queda livre
E vai se abrigar nos braços da Meretriz
O Ambulante canta a oferta
Abafando o alerta de pega ladrão
No instante seguinte
O Padre bendiz o Menino
No ato do seu sermão
E a Carola, samaritana boa
Que momentos antes
Perdera a bolsa e a fé nos meninos
Reza e perdoa
E tudo volta ao normal

Percebo um olhar de soslaio
No Largo Treze de Maio
Coberta de jóia falsa
A maquiagem realça
O rosto da Moça da Vida
E a pouca idade que tem
A Guarda esquece o menino
O Ambulante grita de novo
E o povo se agita na praça

É tudo pressa de novo
E o Ônibus passa
E passo Eu e o Menino
A Carola e a Puta
Só o Largo Treze não passa.

Serginho Poeta