terça-feira, 1 de julho de 2008

A Espera do Eclipse

Ouvir Schuber no rádio
Enquanto dormes e consumo tua beleza
Por que não?
Haverão de dizer que sou pedante
Mas a lua está no céu, esplendorosa
E por isso sou poeta
Para entender (sem entender)
O que é belo

Esperei e não vi o tal eclipse
Mas a tua silhueta na brancura do lençol
É mais bonita que a sombra da Terra
Passando sobre a Lua
E no instante em que te escrevo este poema
Ela clareia nosso quarto
(Seu corpo é o planeta que habito)

Por isso estou sem sono
Para contar-te a beleza que não vês
E por isto sou poeta
Para ilustrar os teus sonhos
Com os poemas que escrevo.

Serginho Poeta

Eu e a Música

Tenho com a música uma relação de amizade, embora quisesse desfrutá-la toda, despí-la e fartar-me de tudo que ela pudesse me dar. Mas ela não me aceita desta forma. É promíscua mas tem seus caprichos.
Cínica, se exibe e ainda permite que eu entre em seu quarto e a veja nua. Estranho sentimento este, que mistura ao ciúme a satisfação de vê-la morrendo e renascendo nas mãos de outros.
Mas esta proximidade com os acordes me trouxe muitos amigos.
Assim escrevi ao músico e compositor, Everson Pessoa:
"Se manipulo tão bem as palavras, fazes mais; além das palavras, dominas também as notas musicais."

Serginho poeta

Já o mestre Paulo César Pinheiro disse assim:

"A música me ama, ela me deixa fazê-la
a música é uma estrela, deitada na minha cama
ela me chega sem jeito, quase sem eu perceber
quando dou conta e vou ver
ela já entrou no meu peito
no que ela entra a alma sai
fica meu corpo sem vida
volta depois comovida e eu nunca soube onde vai
meu olho dana a brilhar, meu dedo corre o papel
e a voz repete um cordel que se derrama do olhar
fico algum tempo perdido até me recuperar
quase sem acreditar se tudo teve sentido
a música parte e eu desperto pro mundo cruel que aí está
com medo dela não mais voltar
mas ela está sempre por perto
nada que existe é mais forte
e eu quero aprender-lhe à medida
de como compõe minha vida
que é para eu compor minha morte"

Ao Capitão

Nasce, menino
Sem que o mundo tome conhecimento da sua natalidade.
Clandestino, apenas mais dois pés
Nas peladas de rua da nossa cidade.
Amedronta quem te aponta como um problema,
Foge do sistema que se apressa em cantar o seu destino.
Corre menino que o tempo não te espera e a sorte não te avisa.
A esfera onde pisa, anseia em te conhecer
E como tudo é imprevisível,
O impossível sempre teima em acontecer,
E aí, o sonho de todos os meninos se torna realidade,
Quando o topo do mundo não causa vertigem
A quem de cima do pedestal, coberto de humildade,
Não esquece a sua origem.
***
-Parabéns capitão!Por um momento vi meu sonho em suas mãos, quando do alto da sua glória não se esqueceu de nós. Transformando a zona sul num imenso Jardim Irene, você deu uma cota de auto-estima a quem carece de orgulho próprio. No dia seguinte ao seu feito, muitos garotos pelo Brasil estarão correndo com a bola nos pés e fingindo ser você e seus companheiros. A primeira vez em que te vi na televisão foi numa entrevista, onde perguntado se era de origem humilde, não negou, e ainda fez questão de dizer que seu bairro era pobre sim, mas um lugar de gente honesta e trabalhadora. É bom ver que tanto tempo depois, ainda pensa da mesma forma. Sua história de luta e perseverança é tão fascinante quanto o seu sorriso ao final da batalha vencida. Ensinou aos seus sucessores, provavelmente meninos carentes das periferias brasileiras, que a obrigação de quem sonha é acreditar e a obrigação de quem vence é lembrar-se do ponto de onde partiu.
Serginho Poeta

Casa Padre Batista

Entre os meses de abril e junho de 2008, eu tive o prazer de trabalhar em um abrigo para jovens e crianças. Digo que foi um prazer por se tratar de uma grande descoberta para mim, conhecer meninos e meninas tão especiais, que suplantam os seus dramas pessoais e nos dão a grata surpresa dos seus talentos. Meninos e meninas inteligentes, capazes, e sobretudo fortes, forjados nas ruas, nas favelas, nos seios de famílias desestruturadas.
Só lamento educadores voltados apenas para a disciplina, que não conseguem enxergar a direção que os jovens lhes apontam. Preconceituosos, duvidam dos potenciais ainda em flor.
Mas de tudo, fica a saudade, foram dias mágicos aqueles.

Expedición Donde Miras

No mês de janeiro de 2008, eu e os meus amigos Binho e Peu, demos início a um sonho; percorrer a América Latina a pé. Conosco um grupo de artistas da periferia de São Paulo se aventurou pelas estradas do Vale do Ribeira, levando nossa arte suburbana por diversas cidades entre São Paulo e Curitiba. Era a primeira etapa da Expedición Donde Miras, que deverá percorrer ainda um trecho entre São Paulo e Cananéia antes de partir para caminhos entre Assunção, Buenos Aires, Montevidéo e Santiago.

Nesta nossa etapa inaugural de caminhadas estivemos nas cidades de Taboão da Serra, Itapecerica, Embú das Artes, São Lourenço da Serra, Juquitiba, Miracatú, Juquiá, Sete Barras, Eldorado, Iporanga, Apiaí, Itaoca, Ribeira, Adrianópolis, Tunas do Paraná, Bocaiúva do Sul, Colombo e Curitiba.

A aventura foi marcante para todos, além de levarmos nossa arte, aprendemos muito com artistas locais e com pessoas simples e hospitaleiras de cada bairro, de cada vila.

----------------------------Ao lado, fotos dos fatos

Para saber mais - http://www.expediciondondemiras.blogspot.com/