terça-feira, 1 de julho de 2008

Ao Capitão

Nasce, menino
Sem que o mundo tome conhecimento da sua natalidade.
Clandestino, apenas mais dois pés
Nas peladas de rua da nossa cidade.
Amedronta quem te aponta como um problema,
Foge do sistema que se apressa em cantar o seu destino.
Corre menino que o tempo não te espera e a sorte não te avisa.
A esfera onde pisa, anseia em te conhecer
E como tudo é imprevisível,
O impossível sempre teima em acontecer,
E aí, o sonho de todos os meninos se torna realidade,
Quando o topo do mundo não causa vertigem
A quem de cima do pedestal, coberto de humildade,
Não esquece a sua origem.
***
-Parabéns capitão!Por um momento vi meu sonho em suas mãos, quando do alto da sua glória não se esqueceu de nós. Transformando a zona sul num imenso Jardim Irene, você deu uma cota de auto-estima a quem carece de orgulho próprio. No dia seguinte ao seu feito, muitos garotos pelo Brasil estarão correndo com a bola nos pés e fingindo ser você e seus companheiros. A primeira vez em que te vi na televisão foi numa entrevista, onde perguntado se era de origem humilde, não negou, e ainda fez questão de dizer que seu bairro era pobre sim, mas um lugar de gente honesta e trabalhadora. É bom ver que tanto tempo depois, ainda pensa da mesma forma. Sua história de luta e perseverança é tão fascinante quanto o seu sorriso ao final da batalha vencida. Ensinou aos seus sucessores, provavelmente meninos carentes das periferias brasileiras, que a obrigação de quem sonha é acreditar e a obrigação de quem vence é lembrar-se do ponto de onde partiu.
Serginho Poeta

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