terça-feira, 15 de julho de 2008

Neruda

O que uma lagosta tece lá embaixo com seus pés dourados? Respondo que o oceano sabe. Por quem a medusa espera em sua veste transparente? Está esperando pelo tempo, como tú. Quem as algas apertam em seus braços? Perguntas mais firme que uma hora e um mar certos? Eu sei perguntas sobre a presa branca do narval e eu respondo contando como o unicórnio do mar, arpado, morre. Perguntas sobre as plumas do rei-pescador que vibram nas puras primaveras dos mares do sul. Quero te contar que o oceano sabe isto: que a vida, em seus estojos de jóias, é infinita como a areia incontável, pura; e o tempo, entre uvas cor de sangue tornou a pedra lisa, encheu a água-viva de luz, desfez o seu nó, soltou seus fios musicais de uma cornicópia feita de infinita madrepérola. Sou só uma rede vazia diante dos olhos humanos na escuridão e de dedos habituados à longitude do tímido globo de uma laranja. Caminho como tu, investigando as estrelas sem fim e em minha rede, durante a noite, acordo nu. A única coisa capturada é um peixe dentro do vento.

Pablo Neruda

3 comentários:

Viviane Oliveira disse...

Serginho eu preciso muiiiiiiiiiiiiiito falar com vc...fui ontem no samba da vela procurar seu livro eu preciso muito compra-lo.

Unknown disse...

Vivi, entre em contato pelo e mail poetadeesquina@yahoo.com.br. Beijos!

ROBERTO QT disse...

Pô Serginho, descobri seu blog por acaso cara. Vc não divulga. Vou ler. Abraço,